Minha aventura

Um Passeio pela Europa com pouco dinheiro e uma mochila nas costas

Oi,tudo bem?
Meu nome é Samuel, tenho 40 anos, casado e pai de 2 crianças lindas: a Paula, com 6 anos em o Rafael que nascerá dentro de alguns meses. Como professor universitário e coordenador de curso, mereço férias, mereço parar um pouco, mas em função do calendário acadêmico, minhas saídas necessariamente precisam acontecer nos meses de janeiro e julho.
Sempre viajei acompanhado de minha esposa e filha, mas neste ano mudei o esquema. Saí com a mochila nas costas para realizar um sonho: conhecer alguns locais específicos da Europa.
O detalhamento que faço abaixo tem dois propósitos: documentar o que vi na viagem para que possa ser acessado por mim e pelos amigos e parentes e também como uma forma de contribuir mostrando com meus olhos os caminhos que usei para fazer muitas coisas por aqui e que só foram possíveis graças à própria internet que é a grande aliada no planejamento de qualquer viagem.

Em busca do passaporte.
Sempre me disseram que os italianos eram “tutti brutti”. Eu nunca achei isso. Sempre convivi com meus parentes, mãe, tios e avó que passaram grande parte de suas vidas ao lado do meu avô, que era italiano, e nunca mostraram qualquer falta de educação, apenas uma maneira muito interessante de viver que é mostrar a felicidade típica dos italianos.
A cidadania italiana eu já havia adquirido em 1990 e só me faltava o passaporte. Foram algumas idas e vindas ao Consulado Geral da Itália em São Paulo e lá sim eu vi que existiam alguns italianos que deviam chutar o pé da cama todas as manhãs antes de irem para o trabalho, porque eram grossos com simples perguntas feitas por mim e por qualquer um outro. Enfim, na última visita ao Consulado saí com meu passaporte cor de vinho que me abriria (literalmente) algumas portas no mundo.

Nosso primeiro destino

Minha primeira viagem internacional ao lado do meu irmão mais novo.

Digo “nosso” porque não fiz a viagem inteira sozinho, mas contei com a companhia agradabilíssima do meu irmão caçula, Eliel.
Milão. Esta era nossa primeira parada pois era o único destino italiano operado pela TAM, a empresa aérea que utilizaríamos. Chegamos lá depois de quase 12 horas voando e eis a facilidade que se tem sendo cidadão de um país membro da Comunidade Europeia. Duas faixas estavam coladas no chão e nos direcionavam a saídas diferentes: uma para europeus e outra para os demais. Passamos direto. Esta experiência foi muito legal. Um documento que nos foi outorgado graças ao meu avô materno, que era italiano, e nem conheci. Desde que tinha ouvido pela primeira vez que, como descendente de italiano, eu poderia ter a cidadania italiana, passaram-se mais de 20 anos e só agora eu poderia ver a grande vantagem de ser considerado um cidadão europeu.

Bilhete de transferência do Aeroporto Malpensa até a Estação Central de Milão

Nossa primeira providência era buscar algo quase tão importante quanto a água para o corpo: acesso à internet. Saímos do Aeroporto de Milão (Malpensa) e acessamos diretamente o trem que nos levaria à Estação Central. O bilhete custou 7 Euros e o que impressiona é a velocidade e estrutura do transporte. Aprendemos ali ao lado do guichê, ao observar o que as outras pessoas faziam. Assim que elas compravam o bilhete, validavam numas pequenas máquinas que perfuram o papel. Nosso destino era a Milano Stazione Centrale, uma estação de trem gigante de onde partem trens para vários destinos. Nosso objetivo era uma lojinha que vendia SIMCards da Vodafone prontos para serem usados. A loja não era própria da operadora, mas de uma italiana faladora. Ao chegar, ela estava discutindo com um árabe. A briga estava feia, e olha que um não falava a língua do outro. O cara saiu e logo dissemos a ela o que queríamos. Este era meu primeiro contato com o italiano. Enrolamos mas a comunicação fluiu. Na hora de contratar o pacote, ela pediu um documento. Meu irmão entregou a ela seu passaporte italiano. Ao invés dela se conter, pois estava lidando com clientes e clientes não devem ser contrariados, a mulher ficou indignada e disse: “Ma come? È taliano ma non parla italiano?(Mas como, é italiano mas não fala italiano?)Ema, ema, ema. Cada um com os seus problemas.

Foto do material promocional da Vodafone

Queríamos comprar o chip e pronto. O plano que a Vodafone estava oferecendo era muito bom. Tínhamos 250mb de tráfego de internet (que era o que mais queríamos). Saímos de lá com abundância de ligações para fazermos. Era possível ligar para o Brasil a um custo irrisório. Algo como 6 centavos de Euro o minuto. Saí de lá e já liguei para minha mãe para avisar que estávamos bem em Milão. Com esta quantidade de dados conseguiríamos usar o Skype para conversar com minha esposa e filha usando áudio e vídeo.

Saindo de lá fomos andando, guiados pelo GPS, até o hotel. Optamos pelo Ibis, um padrão legal de hotéis a um preço justo. Com o cara da recepção falamos em inglês e a coisa foi legal. Tentei jogar um pouco para o Eliel os diálogos em inglês. Depois de um banho, fomos dar uma caminhada e comer uma pizza. Pizzaria era o que não faltava por lá. Encontramos uma muito simpática, pequena, mas que deu pra assistirmos como era feita uma pizza Milaneza. O duro foi pedir a pizza. Tentávamos usar o italiano mas não rolava comunicação, até que o Eliga jogou um inglês. Na hora o cara chamou o “Marco”, um rapaz mais novo que falava inglês e aí deu tudo certo. O cara viu minha camisa da Seleção Brasileira e já começou a fazer comentários. Disse que a mulher do goleiro Júlio César era cliente deles e que era uma bela mulher. (enquanto falava da beleza dela, fazia com as mãos a forma de um corpo feminino cheio de curvas)

O velinho aí na foto é o dono da pizzaria e o artesão da pizza. Ao contrário do que conhecemos aqui no Brasil, lá, as pessoas não pedem uma pizza inteira, mas cada pessoa pede um sabor e ela é preparada em fatias. Ele monta uma pizza com diversos sabores diferentes.

Os caras “foram” com a nossa cara e faziam pose para tirarmos foto da arte de fazer pizza. Muito interessante a maneira artesanal que aquela pizza era montada.

Esta foi nossa pizza de dois sabores.

Ainda na tentativa de nos agradar, cortaram algumas fatias muito finas, quase transparentes daquilo que a gente conhece aqui como panceta, e nos serviram como uma gentileza da casa.
Na hora de irmos embora, eles viram que nós não tínhamos prato, garfo e faca no hotel, então nos encheram de guardanapos e cortaram a pizza em pedaços.
No dia seguinte resolvemos fazer uma caminhada por Milão até o local onde havíamos feito a reserva do carro. Andamos muito e passamos por locais muito bonitos até chegar à Hertz.

A arquitetura impressiona e uma pequena placa apontando aquele lugar como um cemitério nos fez entrar para conhecer. Lá dentro a estrutura de ruas é semelhante aos nossos cemitérios.

No caminho passamos por uma grande construção, um prédio imponente e muito antigo. Parecia um Palácio e antes de entrarmos, usamos a grande ferramenta chamada google maps. Lá verificamos que aquilo era um cemitério, o Cimitero Monumentale di Milano.
Geralmente os escritórios das locadoras em qualquer lugar do mundo são apenas escritórios. Lá, em Milão, era uma casa com uma “Nona” que atendia as pessoas. Assim que chegamos ela foi chamar seu filho que nos atenderia. Enquanto ele não chegava, ela perguntou se tomaríamos um café. Dissemos que sim e ela deu uma saída e foi provavelmente ao lado onde deveria ter uma cafeteria e nos trouxe um delicioso “curto”. Ainda fazendo um pouco de sala enquanto o filho não chegava, ela puxou papo e ficou falando que gostava do Brasil, das praias, etc.
O cara chegou, fizemos os procedimentos de praxe para o aluguel e pegamos o carrinho. Embora ele fosse pequeno, andava pra caramba. Era um Fiat Panda preto.
Atravessamos Milão e pegamos a Autoestrada. O interessante aí é o sistema de cobrança de pedágio dos italianos. Você não paga nada enquanto está na estrada, mas sim quando entra em qualquer cidade. Percorremos mais de 100Km até nosso destino, Pontremoli, e só na entrada da cidade fomos taxados. A ideia é interessante e racional. Assim que você entra na Autoestrada, você retira no pedágio um ticket onde estão armazenadas as informações relativas ao seu local de saída. No destino, também num sistema de auto-serviço, você insere o ticket e ele calcula o custo do trecho. Confesso que morri de medo de colocar 50 euros dentro de uma máquina e não ver a cor do troco, mas a coisa lá funciona. Aqui em cima eu mostro num vídeo como tudo isso funciona na prática.

Esta foto é interessante. Eu e meu irmão (Eliga) sendo fotografados pelo Giorgio, nosso parente, um senhor de mais de 70 anos que provavelmente nunca tinha usado um iPhone para fotografar. O dedão na frente da lente pode ser considerado uma forma dele aparecer na foto com a gente.

Chegamos a Pontremoli. Uma cidade com alguns séculos de existência e onde encontramos um parente nosso que só conhecíamos através de cartas e fotos. Foi muito legal este encontro.

Vista da parte antiga de Pontremolli. Esta foto foi tirada a partir de um castelo de 1100 DC.

Pontremoli é uma comuna da região da Toscana, província de Massa-Carrara muito antiga, assim como as outras milhares de cidades da Itália, mas tem um charme ímpar. Não sei se este charme é porque sempre sonhei em conhecer a cidade conhecida apenas por impressos ou porque ela realmente o é. O rio que passa atrás da casa do nosso primo, Giorgio, é cristalino e fica mais bonito em função das construções de pedra ao seu redor.

Uma manhã em Pisa

A torre de Pisa ao fundo.

No dia seguinte resolvemos fazer uma viagem que eu não tinha colocado no programa, mas que valeu muito a pena. A ideia foi do Eliga, ele fez esta proposta tendo em vista que estávamos a pouco mais de 100km daquele lugar e que valeria a pena deixamos Pontremoli por uma manhã para conhecermos aquele ponto turístico. Saímos de manhã e fomos curtir aquele lugar que realmente é muito lindo.

Curiosa esta cena das pessoas fazendo pose pra sair na foto empurrando a torre.

As construções são muito antigas e a Torre realmente está tombada. Rsrsrsr. O mais curioso, depois da própria torre, é ver as pessoas fazendo pose para tirar foto segurando ou empurrando a torre.

Eu e o Eliga pagando um mico mas tirando uma foto na tentativa de segurar a torre.

Show Internacional
De volta a Pontremoli fomos até a casa dos parentes para um encontro.

Esta cantina fica no topo de uma montanha e é um lugar muito agradável. Como prato principal está uma tradição da Toscana que é o pannecaccio, uma massa temperada com queijo e azeite. Você deve estar se perguntado: Esse cara só levou uma camisa, a da Seleção Brasileira? Não, mas eu a lavava todos os dias para usar quando quisesse.

Não conhecíamos ninguém, mas como italiano é do jeito que é, ou seja, muito alegria, as vezes até demais, nos sentimos em casa. Saímos de lá e fomos todos para o topo de uma montanha para jantarmos. Lá ficava um restaurante típico italiano. Muita comida, muito vinho, e muita, mas muita massa. Foi tudo maravilhoso. Comemos umas massas diferentes sempre acompanhadas com azeite.

O Panegaccio é uma especialidade de região da Toscana. Há uma associação criada pelos restaurantes que fazem a massa e que atesta a originalidade de sua produção apenas aos seus associados.

Uma delas foi o Zabaione (ou zabaglione) e a outra, que eu gamei foi o Panegaccio. Daquele restaurante era Possível ver a montanha de onde é extraído o mármore cujo nome vem de Carrara, uma comuna da região da Toscana. Fiz um pequeno vídeo da lua saindo de trás da montanha. Coisa linda.

Foto tirada bem na entrada da Cantina. No centro, um dos muitos castelos espalhados pela Itália. Ao fundo, a montanha de onde são extraídos os famosos mármores de Carrara.

Lá no restaurante nosso parente, o Giorgio, perguntou quais eram nossas profissões. Eu me apresentei como professor universitário e meu irmão como produtor musical. Para mostrar nossos dotes musicais, começamos a cantar uma musica gravada pela dupla gaúcha Tangos&Tragédias que “raramente” cantamos.

O sucesso foi tão grande que a dona do restaurante pediu para cantarmos para ela e, mesmo cantando baixinho, conseguimos ouvir algumas palmas no restaurante. Pronto, já podíamos nos considerar cantores internacionais. O Restaurante faz parte de uma Associação de restaurantes especializados em fazer o Panigaccio. Para saber um pouco mais, acesse Associazione Ristoratori Panigaccio Podenzana

Da esquerda para a direita, Eliel (Eliga), Giorgio e eu (Samuga).

Hora de ir embora
Nosso plano começava a pegar a estrada novamente. Nossos destinos eram muitos, mas começamos por um que surgiu do nada logo quando estava planejando a viagem. Consultando um blog de uma família de brasileiros que mudou-se para Milão, vi que eles apresentavam um destino dentro do roteiro deles que achava interessante: Maranelo, a cidade que respira Ferrari. Olhando no mapa, Maranelo estava no caminho de nosso destino final na Itália que era Verona. Era domingo e pegamos uma cidade parada, praticamente vazia se não fosse por causa dos muitos turistas que passam por lá para conhecer o museu Ferrari e as lojas que além de venderem souveniers, alugam por 80 Euros uma Ferrari por 10 minutos. Eu até tinha planejado dar uma voltinha, mas pensei bem e resolvi não fazer, principalmente porque não podia pisar de verdade na máquina e, andar de Ferrari sem ouvir o roncão, acho que não vale à pena. Enquanto estávamos admirando uma Ferrari, veio um cara e nos perguntou em inglês se gostaríamos de pilotar a máquina. Agradeci e logo em seguida ele perguntou se éramos brasileiros. Dissemos que sim e ele se apresentou como um Cearense que estava trabalhando há anos lá. Brasileiro gosta de Brasileiro. O cara foi muito gente boa e ofereceu se não queríamos sentar no carro. Nossa resposta foi: É claro!!! Pra saber mais sobre o passeio oferecido por eles, acesse o site da Gadget Ferrari Maranello – Hors Ligne

Nada como sentir o prazer de estar sentado na mais cobiçada máquina de voar do mundo. Aquilo é quase um avião.

O museu Ferrari é um paraíso para aqueles que gostam da Escuderia vermelha. Tudo o que diz respeito à marca e à principal competição automobilística estão naquele local. Além de carros antigos, motores de F1, o legal é ver sempre o modelo do ano exposto.

Rumo à Villafranca di Verona
Outra parada proposta pelo Eliga antes de sairmos do Brasil foi a bela cidade de Villafranca di Verona, uma comuna da região de Vêneto que tem um espaço para shows que é um show. Por fora parece um castelo, com uma muralha enorme e em alguns pontos umas torres altas. Ao chegarmos próximos à entrada, um brasileiro nos chamou.

Visão de uma das laterais do Castelo momentos antes do show do Toto. Uma das marcas deste momento foi a passividade das pessoas que aguardavam o início do show comendo, conversando sem reclamação.

Mais uma vez nossas camisas do Brasil e do Palmeiras chamaram a atenção. Ele nos perguntou: “Que po** de show vai rolar hoje aqui que tem até cara do Brasil que vem pra cá?” Falamos que estávamos lá para o show do Toto, uma banda que bombou nos anos 80 mas que continuava com muitas músicas reinando em nossas cabeças.

Uma foto minha enquanto aguardava o início do show do Toto.

Entramos no recinto e vimos a estratégia dos caras. Eles queriam esperar o sol de por para deixar o sistema de iluminação brilhar. Tivemos uma sorte gigante porque aquele era mais do que o show de encerramento da turnê européia, mas o show de gravação do último DVD do Toto. Assim que tudo escureceu, vimos a iluminação maravilhosa que foi planejada para o show e depois veio o que esperávamos. O grande show dos caras. Foi demais. Veja uma palhinha que do que vimos lá. Filmei alguns trechos.

De novo na estrada
Saímos do show do Toto e demos uma corrida de uns 800 metros até o carro. Sair primeiro do show nos faria evitar ficar por um bom tempo num trânsito naquela pequena cidade. Pegamos a autoestrada e fomos em direção a Bergamo. Já era quase meia noite quando paramos em um posto para descansar. Nosso primeiro plano era ir direto para o aeroporto e dormir lá, pois nossos voos sairiam às 7:30 e 10:45, respectivamente. Resolvemos dormir dentro do carro, já que tínhamos banheiro e café na hora que precisássemos. Aliás, vale a pena falar dos postos das autoestradas da Itália. Há uma rede de postos que está presente em todo o lugar. Você não dirige mais que 30Km sem ver um destes postos. Acordamos por volta das 5:30 e fomos rumo ao aeroporto, mas antes, tínhamos que abastecer.

Abastecimento
Nunca tinha apertado o gatilho de uma bomba de “gasolio”, mas se você quer pagar mais barato, precisa usar o auto-serviço. O duro é que a maioria dos postos não têm funcionários para tirar qualquer dúvida. A impressão que se tem é que os postos estão fechados. Paramos com o carro numa bomba e fomos para a máquina onde você programa o quanto vai abastecer. Colocamos uma nota de 20 euros. Chegamos à bomba e nada. Resolvi olhar numa bomba ao lado e percebi que os créditos tinham sido carregados lá. Demos uma ré e pronto.
Como o voo do Eliel era antes do meu, eu o deixei no aeroporto e perguntei ao guarda que frenetica e prazeirosamente multava as pessoas que pensavam em parar numa área imprópria para desembarque. Queria saber onde era o estacionamento da Hertz. Saí sem multa e encontrei o estacionamento com facilidade. O mais complicado foi entender a lógica da entrega. O estacionamento é grande e dividido entre 4 ou 5 locadores. Uma faxineira mal educada me informou que o escritório que ela estava limpando só abriria às 7:30. Observei o que as pessoas faziam e copiei. Fechavam os carros e levavam com elas a chave. Um ônibus estava à disposição e me levou até o Aeroporto. Lá descobri que bastava jogar as chaves numa caixa de coleta.
Separei meu passaporte, bilhete e comecei a ajeitar a mala que passaria pela primeira inspeção da Ryanair, a mais “low fare, low cost”. O limite da empresa é rigoroso quanto ao peso e medidas. A fila era gigante. Muita gente entrando e a fila não diminuia. Percebi que o rigor nestes limites é levado a sério, mas o visual dos funcionário filtra muito. Vi que mochilas passavam direto sem peso e sem medida. Lá dentro reencontrei o Eliel já na fila de embarque.

A fila de embarque
Meu grande medo, já que na Ryanair ninguém reserva assento, era encontrar um lugar para sentar que fosse longe do espaço para colocar bagagem. Optei pela compra de um “plus” que era a opção “priority”, ou seja, teria prioridade no embarque. A coisa funciona assim: momentos antes do embarque formam-se duas filas, uma normal e outra prioritária. Não saberia dar este dado com precisão, mas vi menos de 5% das pessoas na fila da prioridade. A vantagem de ser um dos primeiros é a de poder escolher o lugar que você preferir. Veja meu embarque no vídeo abaixo:

A vantagem de se pagar pelos 5 euros a mais é que você tem direito ao embarque prioritário. Você entra na frente de todos e por conta disso escolhe onde vai sentar. Optei por ficar no primeiro banco por causa do tamanho da minha perna que quase batia na cabine do piloto.

No final das contas cheguei a conclusão de que poderia ter usado os 5 euros pra comprar uma pizza numa máquina de fazer pizza. Queria ver como era. Percebi que se você dá uma de esperto e chega cedo à fila do embarque comum, você pega um excelente lugar.
Se a muvuca de Bérgamo o transforma numa rodoviária, os aviões da Ryanair são uns verdadeiros “busões”, um mercadão ambulante, lá se vende tudo. Só não sei se vendem galinha porque dormi.

Este foi o avião que me levou do aeroporto de Bérgamo para Cracóvia, na Polônia. Estou aí em primeiro da fila, pronto para embarcar.

Polônia
Pela primeira vez na vida eu estaria sozinho num lugar estranho com pessoas falando esquisito. Cheguei e fui direto ao guichê trocar meus Euros pelos “valiosos” slotys, a moeda polaca. Saí do aeroporto e comecei a difícil comunicação com os poloneses. Eles não falam inglês, os taxistas não entendem o que você fala. Como já previa isso, levei por escrito o nome do hotel onde ficaria. Ainda bem, porque mesmo eu falando Etap (um hotel da rede Accor parecido com o Formule1), os caras não me entendiam. Cheguei ao hotel e corri tomar um banho, algo que não fazia há umas 40 horas. Corri, pois havia agendado pela internet chegar às 14h na “Schindler Factory”, a indústria de panelas do famoso Oscar Schindler, do filme “A lista de Schindler”, que relata o esforço daquele homem de salvar judeus condenados à morte no campo de concentração de Auschiwitz.

Mesa do dono da fábrica, Oskar Schindler, membro do partido nazista que usou sua influência para salvar centenas de judeus da morte.

A visita não durou mais que 40 minutos, mas valeu pelo que vi. O início foi complicado. Eu achei que tinha feito minha reserva na internet, mas descobri que por algum motivo o agendamento não se concretizou. O cara que me atendeu chamou uma responsável e libertou miha entrada. As cenas são muito fortes, principalmente numa das primeiras salas por onde passamos e podemos ver a suástica nazista ocupando todo o pé direito. Durante o trajeto você vê cenas incríveis. Numa das salas é possível ver uma imensa caixa de vidro com centenas de panelas, canecas e outros utensílios feitos nas mesmas máquinas usadas na época. Bem em frente fica a mesa de Oscar Schindler. Na mesa estão itens usados no dia a dia por ele alem de um jornal da época aberto numa página que, sinceramente, não entendi nada. Estava tudo em Polonês.

Esta é a sala que dá acesso à exposição permanente sobre o papel de Oskar Schindler na libertação de diversos judeus que foram convocados para trabalharem em sua fábrica de panelas.

Resolvi sair de lá e fui a pé até onde eu aguentasse. Parei num shopping e aproveitei para garantir o lanche da noite. Tudo era absurdamente barato, mas muito barato mesmo. Pena que estava sob as restrições de bagagem, senão iria fazer a compra dos próximos meses lá mesmo.
Peguei um taxi e voltei para o hotel. Precisava me preparar para o dia seguinte, o objetivo principal de toda a minha viagem.
Acordei às 7:30 e mais uma vez peguei um “chofair de praça” pra ir até o centro. Pedi que me deixasse na Estação Central.

Imagens fortes de um pesadelo que marcou o passado.

Pesquisei muito antes de sair do Brasil para saber quais eram as melhores alternativas para ir até Auschwitz. Dentre as opções estavam o trem que te deixa a uns 500 metros da entrada do museu, taxi, uma empresa de turismo que cobra perto de 160 slotys para te pegar no hotel e trazer de volta.

Foto do bilhete que comprei na Estação Central para ir até o Campo de Concentração.

Como esta agência não passava no Etap, optei pelo plano D, fui de ônibus pagando barato 8 slotys, parando em frente ao museu e com a liberdade de voltar na hora que eu quisesse. Comprei o bilhete nos guichês na parte de cima e desci para o piso inferior. A viagem demora uns 70 minutos, principalmente por causa do longo trecho urbano.

Auschwitz
Emocionante e aterrorizante. Chegar a este lugar foi para uma mistura de sentimentos. Não sou judeu, apesar do nome, mas a história do holocausto sempre me atraiu pelos detalhes que a torna triste pelos mais de um milhão e meio de homens e mulheres que lá foram mortos, mas também pela coragem, persistência e luta de muitos que sobreviveram às câmaras gás, fornalhas, doenças decorrentes das péssimas condições de higiene e do inexistente cuidado médico. Aliás, os doentes eram usados como laboratório para experiências terriveis. Produtos químicos eram injetados nos prisioneiros com a desculpa de uma ciência que tentava encontrar o homem perfeito. O Campo de Concentração de Auschwitz tem sua entrada gratuita, mas e possível alugar um fone de ouvido para uma visita monitorada em diversas línguas, inclusive em espanhol.
Auschwitz é dividido em dois Campos. No Campo I é onde está o famoso portal com a irônica inscrição “O trabalho liberta”. Minha chegada foi tumultuada. A dificuldade de comunicação era muito grande. Apesar daquele museu ter um dos poucos grupos dispostos a falar inglês, o sotaque era muito complicado e dificultava meu entendimento. Talvez aquele fosse o primeiro momento em minha vida em que eu estivesse sozinho e dependendo apenas de mim para me comunicar. Enfim, solicitei um fone para uma visita monitorada em inglês e entrei no Campo de Concentração. A alguns metros da entrada estava um grupo com um guia falando em inglês. Eu e mais algumas pessoas nos aproximamos mas ele disse que nosso grupo já tinha entrado. Agradeci e fui em direção ao famoso portal com a irônica inscrição em alemão “Arbeit macht frei” que significa “O trabalho liberta”.

Este portal é famoso principalmente por causa da frase escrita em letra caixa e que compõe o portal de entrada do Campo de Concentração. Esta estrutura foi roubada um ano antes da minha viagem. Depois de recuperada, foi restaurada e reinstalada no local.

Fiz algumas fotos daquele lugar que simboliza o inverso daquilo que se fazia lá dentro. A esta altura do campeonato, eu já tinha perdido de vez meu guia. Comecei a buscar na sintonia do radinho algum canal onde pudesse encontrar uma visita em inglês, mas nada. Achei um grupo com um cara guiando um grupo em espanhol. Pronto, era lá mesmo que eu me encaixaria. Interessado demais no assunto, estava sempre ao lado do guia e perguntava muito, até que num determinado momento ele começou a me responder as perguntas em português. A visita continuou e ele se limitava a responder minhas perguntas e não fazia nenhum comentário a mais, até que na saída, quando esta primeira fase do passeio acabou, ele me perguntou: O que um brasileiro faz perdido no meio de um grupo de espanhóis? E antes que eu respondesse, ele refez a pergunta ao líder do grupo. Só daí percebi minha gafe. Em Auschwitz, existem duas modalidades de visita: Uma é aquela contratada no próprio museu com guia do museu e a outra é quando você organiza um grupo e paga um guia autorizado. Eu fui um penetra sem saber. Depois de falar que tinha me “enfiado” no grupo, ele disse: “Só podia mesmo ser brasileiro pra fazer isso.” Confesso que não fiz de sacanagem. Ele se apresentou como brasileiro de Curitiba e que havia mudado pra Cracóvia há 13 anos para estudar e tornou-se guia.
Ele me sugeriu tomar um ônibus que me levaria ao outro campo de concentração que era o Campo II, de Birkenau. Chegando lá eu senti uma sensação muito estranha que talvez não tenha conseguido sentir vendo as fotos e vídeos sobre o local, mas era um portal de onde se podia ver uma estrada de ferro que vinha de longe. Entrei e comecei a caminhar pelo gigante campo com diversos barracões onde eram alojados ou entulhados os prisioneiros.

Câmara de gás usada pelos nazistas para matar 700 pessoas ao mesmo tempo. Logo depois de mortos, eram levados para uma sala ao lado onde existia uma fornalha para serem cremados.

Triste, muito triste ver aquelas condições que se agravavam num inverno rigoroso que aquele pais tem.

Campo de Concentração de Auschwitz

As visitas aos barracões são liberadas e é Possível sentir no ambiente através do semblante das pessoas. O clima é pesado. O cheiro de queimado dentro dos barracões deve ser o mesmo daquele Período, mas só o fato de saber que quase dois milhões de pessoas morreram ali deixa o local com aspecto de um cemitério que se destaca pela maneira como as pessoas morriam e eram enterradas.
Ao fundo do campo estão duas câmaras destruídas pelos alemães quando souberam que os Russos estavam avançando. A idéia era a de não deixar nenhum vestígio do que havia acontecido lá. Estas câmaras de gás podiam matar simultaneamente 2000 pessoas. Hoje são apenas escombros, mas preservados exatamente do jeito que ficaram depois da demolição. Para que ninguém entre no local, uma faixa delimita a área.
Resolvi passar para o outro lado do Campo e quando estava passando perto de um barracão, ouvi uma voz que disse assim: Brasil? No mínimo era alguém que entendia de futebol, pois eu estava com a camisa do Palmeiras. Virei para o cara e falei que sim. Junto com ele vieram outras 36 pessoas que começaram a conversar em português comigo. É interessante como mais uma vez me sentia feliz por conversar com pessoas que nunca tinha visto pela frente.

A tranquilidade e a bela paisagem contrastam com o clima de terror que existia naquele lugar durante o período em que milhares de pessoas tentavam sobreviver às torturas.

Fomos andando juntos, eu na frente ao lado dos lideres do grupo e todo mundo andando atrás mas ouvindo nossa conversa. Falei a eles que meu “alvará” concedido pela esposa era de 10 dias e que estava na Polônia porque gostava da história da 2a guerra mundial e aquele era um lugar importante em todo o processo. Disse que era de São Carlos e o líder logo me falou: “Então você é advogado!”. Eu disse que não. Ele falou que imaginou que eu fosse porque era de São Carlos (onde segundo ele, havia uma faculdade de direito picareta) e porque havia usado o termo “alvará”. Logo depois veio a mais estranha sensação que passei por lá. Ele me perguntou se eu estava gostando da Polônia. Eu disse que só nao estava curtindo a língua. Achava-a muito estranha e que não entendia nada. Imediatamente todos eles começaram a se olhar e conversar indignados em polonês. Eu fiquei perdido. Logo depois começaram a rir e me disseram o que estavam falando: “Como ele não entende nada, nós estamos nos entendendo”. Eles me contaram que moravam numa cidade do Paraná que foi colonizada por Poloneses. Eles aprenderam a língua e resolveram fazer este passei pela terra dos seus avós.
Depois desta brincadeira, me convidaram pra ir com eles de ônibus de volta a Auschwitz I, mas havia acabado de voltar de lá.

Pra você entender um pouco do clima daquele lugar, coloco abaixo um vídeo sem nenhum cuidado com detalhes técnicos, mas liguei uma câmera fotográfica Cybershot que levei de quebra-galho e saí filmando uma parte do percurso com ela.

Hora de voltar para Cracóvia.
Fui até o ponto de ônibus e mais uma hora e pouco pra chegar na estação central. Voltei para o hotel, tomei um banho e saí pra dar uma volta pelas ruas da redondeza. Muito estranho aquele local. Tudo é muito atrasado. O antigo é legal de se ver, mas o atrasado não. Parece que o pais pouco evoluiu. Continua na mesma.
No dia seguinte fui ao aeroporto para mais uma saída. A terceira e última etapa da minha viagem era Londres, um local escolhido para voltar para o Brasil por ter voo regular da TAM para São Paulo. Outro motivo que me levou pra Londres era o de que um ex-aluno e grande amigo trabalha e mora por lá.

Londres.
A chegada em Londres foi complicada por causa de uma dor de cabeça animal que caiu sobre mim. Eu não conseguia abrir os olhos de tão ruim que estava. Passei pela imigração e entrei na boa. Minha primeira providência foi tomar um remédio pra mandá-la pra longe, mas mal sabia eu que ela demoraria pra ir embora. Não achei água pra tomar e mandei uma cápsula de Advil pra dentro. Foi horrível. Me informei como deveria fazer para ir para o centro e fui de ônibus. O destino era a estação Victoria no centro de Londres. Eu até queria olhar aquelas casinhas típicas inglesas, mas como se a dor cada vez aumentava mais? Chegando em Victoria procurei uma cabine de telefone, sim, aquelas que a gente só vê em filme e liguei para o Jorge. Que alivio, uma voz conhecida num local onde eu estava sozinho e perdido. Ele me deu as instruções de metrô e trem que deveria tomar. Chegando na estação combinada lá estava ele. Que bom. Foi muito bom reencontrar o Jorge, um cara com quem mantive uma relação muito próxima enquanto professor. Ele sempre foi muito gente fina, mas não imaginava o tamanho do coração dele e de seu irmão, o Chico, durante nossa passagem por Londres.

Fomos para a casa dele que fica a poucos minutos de trem. Deixei minha mochila lá e fomos bater perna. Ele me levou por vários lugares do centro de Londres. Passamos pela recém inaugurada loja da MM, uma loja super colorida onde tudo era colorido e com a cara dos famosos chocolates.

Acesso à internet em Londres

A mesma necessidade apareceu em Londres, a de estar conectado à internet. O Jorge emprestou pra gente seu chip do Skype fone, uma solução que funciona legal em diversos países da europa. O Skype mantém acordos com diversas operadoras para uso das torres e com isso, qualquer um que use este chip pode falar de graça usando sua própria conta do skype.
Quando já era quase 10horas da noite fomos até a estação Victoria novamente para esperar o Eliel. Ele chegou perto de meia noite. Fomos para casa descansar. No dia seguinte fomos tomar um café da manhã tradicional inglês. Ele escolheu um lugar bem podrão, pra que sentíssemos mesmo o clima da cidade. O café Londrino, pra mim, equivale a uma refeição que serve para o dia inteiro. Ovo, pão, salsicha, leite e chá. Sem condições. Saindo de lá fomos direto para um parque que era nosso sonho pisar, o Battersea Park, um parque que tinha um atrativo diferente pra mim e pro Eliel. Lá, Rowan Atkinson, o Mr.Bean, havia rodado um de seus famosos episódios há quase 20 anos e nós nos planejamos para tentar reproduzir um trecho no mesmo local. O resultado disso você vê aqui abaixo, junto com o original. Toda a filmagem e direção ficou por conta do publicitário Jorge e a edição do Eliel. Dá uma olhadinho no vídeo.Mr. Bean.

Eu, com cara de bobo, em frente à estátua no BatterSea park, locação de um dos quadros do humorista Rowan Atkinson, o Mr. Bean.

Ficamos em Londres mais um dia para compras. Fomos a lojas de roupas esportivas onde pude fazer a festa. O nome da loja é SpotsDirect e tem de tudo a um preço muito legal. Saindo de lá fomos para outro lugar que queria um dia entrar: A famosa Apple Store Regent Street.

Eu e meu amigo Jorge Fernando sendo observados por um funcionário da Apple Store.

Lá pude realizar mais um desejo de consumo que era comprar alguns iTrecos. Comprei um MacMini, um contre remoto e o AppleTrackpad. O ambiente lá dentro é muito interessante. São pessoas babando naquelas bancadas e usufruindo de uma rede sem fio.

Hora de irmos
Arrumamos nossas coisas e fomos para o distante aeroporto de Heathrow. São pelo menos 90 minutos do centro até lá. Até uma parte do caminho o Jorge nos acompanhou e lá pudemos presenciar algo inusitado.

O brasileiro tem fama de ser sacana e aprontar por aí. Acredito que isso é uma verdade, mas lá pude ver um inglês dando uma de “migué”. Lá, assim como na maioria dos serviços de trem da Europa você entra no trem sem apresentar nada pra ninguém, mas pode ser abordado por um fiscal. Estávamos tranqüilos quando um senhor nos pediu o ticket. Apresentamos a ele e ele educadamente nos agradeceu. Logo em seguida dirigiu-se a um homem que estava ao nosso lado e este começou a procurar no bolso como se estivesse tentando encontrar um bilhete que não existia. O fiscal, tentando ajudá-lo, perguntou de onde ele estava vindo.Este bilhete pode ser comprado nas máquinas de auto-serviço nas estações de trem e metrô de Londres. Este bilhete permite o uso do transporte público Londrino do Centro até à zona 6.

Olha o que os caras comem de café da manhã. O lugar era meio podrão, mas deu pra sentir a atmosfera Londrina.

Ele deu o nome da estação. O fiscal lhe perguntou quanto havia pago no bilhete, mas o valor que o homem disse era incompatível com o trecho. Conclusão, ambos saíram do trem na próxima estação e a o rapaz precisou pagar uma multa de 50 libras.
Chegando ao aeroporto fomos direto para o guichê da TAM. Lá já estavam 6 pessoas fazendo a fila que seria aberta às 16horas para inscrição dos portadores do RIP. Fizemos a inscrição e fomos conhecer o aeroporto. O horário que deveríamos retornar era 21horas, quando a ansiedade entre os candidatos a embarque aumenta. Neste momento vem o funcionário da TAM com uma lista dos sortudos que ganharam seus assentos em função da desistência, atraso ou uma simples disponibilidade por não ter sido vendido. A aproximação do funcionário era o momento de ouvirmos a notícia. Nessa hora, lembrei-me do meu amigo na TAM que comprou a passagem pra mim, ele havia dito pra não brigar, não se estressar caso eu não conseguisse, pois isso poderia acabar complicando a situação dele na empresa. E o assento disponível vai para…. ninguém. Não houve nenhuma disponibilidade. Nossa decisão foi por dormir num canto do aeroporto e já formar a fila do dia seguinte.
Já que não tínhamos mais o skype, resolvemos correr atrás de conexão no aeroporto. Uma das opções era usar os computadores distribuídos pelos terminais, mas o problema é o preço, 1 libra por 10 minutos e não se podia conversar via skype, pois o fone existia, mas a máquina não tinha microfone, sem falar das vezes em que o computador puxou minha moeda mas não liberou o acesso.
Resolvi comprar um chip. Fui até uma banca de jornais e o cara me indicou uma máquina onde eu poderia comprar um cartão. Lá existiam várias opções de operadora. Optei pela operadora “3”.

Chip comprado numa máquina de auto serviço.

Paguei 10 libras para 200mb e o mais interessante é que tudo foi feito com a máquina. Coloquei o dinheiro e ela me forneceu o cartão que só faltava ser habilitado para funcionar.
Depois de uma noite terrível, ocupamos nosso lugar ansiosos para que tudo fosse diferente e pudéssemos embarcar. Nada de novo. Entrei em desespero, me senti um irresponsável por ter deixado minha esposa grávida e com uma filha no Brasil e eu lá sem conseguir embarcar. Embora achasse que a morte da cantora Amy Winehouse seria um fator que faria muitos brasileiros desistirem de seus vôos para fazer tietagem mórbida em frente a sua casa lá mesmo em Londres, vi que o check-in estava repleto de escolas com alunos vindo passar férias no Brasil. Nosso azar foi ter resolvido embarcar exatamente no mesmo dia do início das férias dos gringos.
Decepcionados e cansados voltamos para a casa do Jorge. Nossa cama ainda estava montada e pudemos descansar naquela noite ali. O próprio Jorge foi ao nosso encontro no caminho do aeroporto para sua casa com 4 latinhas gigantes de cerveja e pizzas. Aquilo foi muito bom pra gente se distrair.
Naquele mesma noite tomei a decisão de encontrar uma outra forma de voltar para o Brasil. Era domingo e a previsão da TAM era a de que os primeiros sortudos pudessem embarcar apenas na quarta ou quinta. Eu não iria suportar esperar tudo aquilo. Minha procura já esbarrou nos primeiros resultados. A passagem mais barata era da TAP, para terça-feira ao custo de US$ 3.000. Resolvi dormir porque minha cabeça estava estourando de tanto pensar em alternativas.
No dia seguinte acordei por volta das 10h e voltei à procura. Quando foi 11horas falei com minha mãe pelo skype e ela viu meu desespero. Ela se prontificou a ligar para meu outro irmão que tinha ficado no Brasil. Como ele é mais racional, poderia fazer uma busca com a cabeça fria.
A resposta veio com uma notícia não tão ruim. Ele havia encontrado um voo que sairia de Londres naquela noite, iria para Nova Iorque onde faria uma conexão para São Paulo. Ufa. Havia conseguido o que mais queria, embora o custo não fosse tão baixo, por volta de US$ 1600, mas chegaria no dia seguinte em casa. Com esta notícia, pude relaxar. O Chico, irmão do Jorge, foi até a padaria e comprou um caminhão de coisas pra gente comer. Saímos de lá e ele nos acompanhou até um trecho do percurso. O Eliel estava mais animado pra voltar para a fila de RIP. De lá eu embarquei e fui pra NY, lugar que gostaria de ir um dia, mas não nestas condições.
O engraçado é que a partir daqui, os dois próximos embarques eu teria problema na saída. A neura terrorista fazia os caras duvidarem do meu MacMini. Ao passar pelo raioX em Londres, vi minha mala indo para um canto. O agente me chamou e perguntou o que eu tinha lá dentro. Ele abriu a mala, viu que era só um computador e liberou.
A viagem via British Airlines foi péssima. Sentei-me no meio da fileira ao lado de dois grandalhões e o cara que estava na janela era parecido comigo: não parava de levantar para ir ao banheiro e, para que isso acontecesse, todos precisavam levantar.
Chegando no aeroporto JFK, resolvi me garantir e ir direto para o Terminal 4, o terminal de onde se faz o embarque da TAM. Passei a noite lá até que num determinado momento veio uma moça e me perguntou: “Where are you from?”, respondi que era do Brasil e ela abriu um sorriso. Ela disse que era um grupo que tinha comprado uma passagem diferente da TAM e que estava aguardando para embarcar. Disse a ela que estava em Londres vivendo o mesmo drama.

Minha conexão que durou uma madrugada no terminal 4 do aeroporto JFK em Nova Iorque.


Na manhã seguinte embarquei para o Brasil com um serviço de primeira da TAM. Curti muito.

Esta foi minha aventura. Hoje, 3 meses depois, olho para estas fotos e vídeos que fiz e vejo o quão legal foi passar estes 13 dias na Europa. Vi coisas interessantes e lugares que nunca sonhei em pisar, mas uma conclusão eu tirei de tudo isso: Por mais que lá fora seja legal e aqui tenhamos os muitos problemas com os quais os brasileiros vivem, ou seja, corrupção, violência, etc, não troco nada pelo Brasil.

  1. Belo post Samuca…é sempre legal conhecer lugares novos. Estou querendo muito planejar uma viagem como essa. Respirar um ar diferente, com cores diferentes… não há explicação para tudo isso. Tenho direito a conseguir cidadania italiana também, mas nunca fui atrás disso. Gostaria de pegar umas dicas com você, se possível. Ver essas fotos me deixa ainda mais na vontade…vamos ver o que rola mais pra frente. Abração!

  2. Parabéns, Samuel: belas lembranças, foi muito bom você ter registrado tudo isso.

  3. Olá Samuel! que aventura! vendo as fotos os vídeos e os relatos,curti muito,parecia que eu estava caminhando com vocês Parabéns. Alcides.

  4. Samuca, fui muito bom ter voces por aqui! Espero um dia ter aqui sua esposa a Paulinha e o Jorge (esse eh o nome do menino certo?)kkkkk.
    No mais quando quiser estaremos aqui de portas abertas para recebe-los!
    Um grande Abraco

  5. Eu amo Baked Beans… saudades! O tempo que morei lá na verdade experimentei apenas uma vez o café da manhá ingles, é preciso estar com muita fome para encarar ..rsrsr

  6. que legal Professor… muita coragem mesmo colocar a mochila nas costas e se aventurar! rsrsrs

  7. E ai meu amigo geek adorei seus artigos estou acompanhando e esta chique Parabéns!!! Uma reclamação não gostei da camisa do palmeira rsrsrsrs

  8. Gidenilson Santiago

    Que legal, Samuel. Gostei muito de ver as fotos e ler sobre sua viagem.

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